sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Prótese parcial fixa: Princípios de preparo



O sucesso do tratamento com prótese é determinado através de três critérios: longevidade da prótese, saúde pulpar e gengival dos dentes envolvidos e satisfação do paciente. Para alcançar esses objetivos, o cirurgião deve saber executar todas as fases do tratamento, tais como exame, diagnóstico, planejamento e cimentação da prótese. Todas as fases principais e intermediárias são importantes e uma depende da outra. De nada adianta o dente estar preparado corretamente se as outras fases são negligenciadas. O preparo dental não deve ser iniciado sem que o cirurgião-dentista saiba quando indicá-lo e como executá-lo, buscando preencher os 3 princípios fundamentais para conseguir preparos corretos: mecânicos, biológicos e estéticos.

 Princípios Mecânicos
 Retenção:
O preparo deve apresentar certas características que impeçam o deslocamento axial da restauração quando submetida às forças de tração. A retenção depende basicamente do contato existente entre as superfícies internas da restauração e as externas do dente preparado. isto é denominado retenção friccional. Quanto mais paralelas as paredes axiais do dente preparado, maior será a retenção friccional da restauração. Porém, o aumento exagerado da retenção friccional irá dificultar a cimentação da restauração pela resistência ao escoamento do cimento, impedindo o seu assento final e, consequentemente, causando um desajuste oclusal e cervical da restauração.
A presença de sulco é ligeiramente importante em preparos extremamente cônicos. Portanto, sem a presença de um plano de inserção definido, para limitar a remoção e inserção da coroa em uma única direção e, assim, reduzir a possibilidade de deslocamento.
A área do preparo e sua textura superficial são aspectos também importantes na retenção; quanto maior a área preparada, maior será a retenção. Quanto à textura superficial tem que se considerar que a capacidade de adesão dos cimentos dentários depende basicamente do contato deste, com as microrretenções existentes na superfície do dente preparado e da prótese
Resistência ou Estabilidade:
A forma de resistência ou estabilidade conferida ao preparo previne o deslocamento da restauração quando submetidas à forças oblíquas, que podem provocar a rotação da restauração. Por isso é importante que se saiba quais são as áreas do dente preparado das superfície interna da restauração que podem impedir este tipo de movimento.
Existem diversos fatores diretamente relacionados com a forma de resistência do preparo.
·         magnitude e direção da força
·         relação altura/largura do preparo
·         integridade do dente preparado

Rigidez estrutural:
O preparo deve ser executado de tal forma que a restauração apresente espessura suficiente de metal (para as coroas totais metálicas), metal e porcelana (para as coroas de porcelana pura), para resistir as forças mastigatórias e não comprometar a estética e o tecido periodontal. Para isso, o desgaste deverá ser feito seletivamente de acordo com as necessidades estética e funcional da restauração.
 Integridade Marginal:
O objetivo básico de toda restauração cimentada é estar bem adaptada e com uma linha mínima de cimento, para que a prótese possa permanecer em função o maior tempo possível, num ambiente desfavorável, que é a boca. Margens inadequadas facilitam a instalação do processo patológico do tecido gengival que, por sua vez, irá impedir a obtenção de próteses bem adaptadas. Assim, o controle da linha de cimento exposta ao meio bucal e a higiene do paciente são fatores que aumentam a expectativa de longevidade da prótese
 Princípios Biológicos
Preservação do órgão pulpar.
O desgaste excessivo está diretamente relacionado à retenção e saúde pulpar, pois além de diminuir a área preparada prejudicando a retenção da prótese e a própria resistência do remanescente dentário, nos dentes anteriores, principalmente, pode trazer danos irreversíveis à polpa, como inflamação, sensibilidade, etc.
Por outro lado, o desgaste insuficiente está diretamente relacionado ao sobrecontorno da prótese e, consequentemente, aos problemas que isso pode causar em termos de estética e prejuízo para o periodonto.
Um dos objetivos principais da reabilitação com prótese fixa é a preservação da saúde do periodonto. Vários são os fatores diretamente relacionados à esse objetivo: higiene oral, forma, contorno de localização da margem cervical do preparo. A melhor localização do término cervical é aquela em que o profissional pode controlar todos os procedimentos clínicos e o paciente tem condições efetivas de higienização. Assim é vital, para a homeostasia da área, que o preparo estenda-se o mínimo dentro do sulco gengival, exclusivamente por razões estéticas e suficiente apenas para escondar a cinta metálica da coroa, sem alterar significantemente a biologia do tecido gengival.
De maneira genérica, a extensão cervical dos dentes preparados pode variar de 2mm aquém da gengiva marginal livre até 1mm no interior do sulco. Os pacientes que pertencem ao grupo de risco à cárie não devem ter o término cervical colocado aquém do nível gengival
Indicações término subgengival:
·         razões estéticas com o objetivo de mascarar a cinta metálica
·         restaurações de amálgama ou de resina composta, cujas paredes gengivais já se encontrem nesse nível.
·         presença de cárie que se estendam para dentro do sulco gengival
·         presença de fraturas que terminam subgengivalmente
·         razões mecânicas aplicadas, aplicadas geralmente aos dentes curtos
·         colocação do término cervical em área de relativa imunidade à cárie, como se acredita ser a região correspondente ao sulco gengival.
 O preparo subgengival dentro dos níveis convencionais de 0.5 a 1.0mm não traz problemas ao tecido gengival, desde que a adaptação, forma, contorno e polimento da restauração estejam satisfatórios e o paciente consiga higienizar corretamente essa área.
Princípios Estéticos
A estética depende, basicamente, da saúde periodontal, forma, contorno e cor da prótese. Para atingir esses objetivos, há que se preservar o estado de saúde do periodonto, confeccionar restaurações com forma, contorno e cor corretos. Fatores estes que estão diretamente relacionados com a quantidade de desgaste da estrutura dentária. Se o desgaste é insuficiente para uma coroa metalo-cerâmica, a porcelana apresentará espessura insuficiente para esconder a estrutura metálica, o que pode levar o técnico a compensar essa deficiência aumentando o contorno da restauração.
Tipos de término cervical
O térmico cervical dos preparos pode apresentar diferentes configurações de acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa.
1.    Ombro ou degrau: a parede axial do preparo forma um ângulo de aproximadamente 90° com a parede cervical;
2.    Ombro ou degrau biselado: ocorre formação de ângulo de aproximadamente 90° com a parede axial e cervical, com biselamento da aresta cavo-superficial;
3.    Chanfrado: a junção entra a parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo, que deverá apresentar espessura suficiente para acomodar metal e faceta estética;
4.    Chanferete: a junção entra a parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo de pequena dimensão (aproximadamente a metade do chanfrado), devendo apresentar espessura suficiente para acomodar o metal.

Técnica de preparo para coroa metalo-cerâmica (Técnica da Silhueta)
DENTES ANTERIORES 
1 – Sulcos de orientação: nas faces vestibular, incisal e linguo-cervical
As coroas metalo-cerâmicas necessitam de 1,5mm de desgaste nas faces vestibular e metade das proximais e 2mm na incisal, para acomodar metal e porcelana. DICA: faça primeiro os desgastes na metade, só então os outros desgastes na segunda metade.Esse passo nos da o controle da quantidade de desgaste necessária.
Brocas: 3216; 2215
 2 – União dos sulcos de orientação: Com a broca 3216 ou 2215, faça a união dos sulcos da metade escolhida da face vestibular, incisal e lingual, mantendo-se a relação de paralelismo previamente obtida.
3- Desgastes proximais: Com o dente adjacente protegido com uma matriz de aço, procede-se a eliminação da convexidade natural desta área. O desgaste deve terminar no nível gengival e deixar as paredes proximais paralelas entre si.
Brocas: 2200; 3203
4 – Desgaste Lingual: Segue a anatomia da área. Deve ser desgastada no mínimo em 0,6mm para acomodar apenas o metal nas coroas dos dentes anteriores que apresentam um sobrepasso cervical muito acentuado. Evita-se assim, deixar a região incisal muito fina e sujeita à fratura.
Brocas: 3118; 3215; 2214
5 – Preparo subgengival: Para se obter um término cervical do preparo no interior do sulco gengival, no término em chanfrado, é utilizado apenas a metade da ponta ativa da broca. Assim, o posicionamento correto da broca para estender o término do preparo dentro do sulco gengival deve ser feito deixando metade de seu diâmetro em contato com o dente e a outra metade fora do dente e, consequentemente, em contado com o epitélio sulcular.
Brocas: 3216 2215
6 – Acabamento: Com o término cervical obtido com as brocas diamantadas 3216 ou 2215 é um chanfrado longo, torna-se necessário aumentar um pouco mais o desgaste na região cervical das faces estéticas, vestibular e metade das proximais, para acomodar o metal e a porcelana e não haver sobre contornos. Para isso utiliza-se a broca tronco-cônica com extremidade arredondada, totalmente apoiada na parede axial, acentuando o desgaste nessa região.
Brocas: 4138
(Fonte: Dr. Mauricio Ferrufino Sequeiros)
Técnica de preparo para coroa total metálica
Indicada onde o fator estético não precisa ser considerado. A única diferença desse preparo para uma coroa metalo-cerâmica é a quantidade de desgaste, que passa de 1,5mm para apenas 1,0mm que é realizada na face vestibular, visto que essa área será recoberta somente com um metal.(Fonte: UP)



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