O
sucesso do tratamento com prótese é determinado através de três critérios:
longevidade da prótese, saúde pulpar e gengival dos dentes envolvidos e
satisfação do paciente. Para alcançar esses objetivos, o cirurgião deve saber
executar todas as fases do tratamento, tais como exame, diagnóstico,
planejamento e cimentação da prótese. Todas as fases principais e
intermediárias são importantes e uma depende da outra. De nada adianta o dente
estar preparado corretamente se as outras fases são negligenciadas. O preparo
dental não deve ser iniciado sem que o cirurgião-dentista saiba quando
indicá-lo e como executá-lo, buscando preencher os 3 princípios fundamentais
para conseguir preparos corretos: mecânicos, biológicos e estéticos.
Princípios Mecânicos
Retenção:
O preparo deve
apresentar certas características que impeçam o deslocamento axial da
restauração quando submetida às forças de tração. A retenção depende
basicamente do contato existente entre as superfícies internas da restauração e
as externas do dente preparado. isto é denominado retenção friccional. Quanto
mais paralelas as paredes axiais do dente preparado, maior será a retenção
friccional da restauração. Porém, o aumento exagerado da retenção friccional
irá dificultar a cimentação da restauração pela resistência ao escoamento do
cimento, impedindo o seu assento final e, consequentemente, causando um
desajuste oclusal e cervical da restauração.
A
presença de sulco é ligeiramente importante em preparos extremamente cônicos.
Portanto, sem a presença de um plano de inserção definido, para limitar a
remoção e inserção da coroa em uma única direção e, assim, reduzir a
possibilidade de deslocamento.
A
área do preparo e sua textura superficial são aspectos também importantes na
retenção; quanto maior a área preparada, maior será a retenção. Quanto à
textura superficial tem que se considerar que a capacidade de adesão dos
cimentos dentários depende basicamente do contato deste, com as microrretenções
existentes na superfície do dente preparado e da prótese
Resistência
ou Estabilidade:
A
forma de resistência ou estabilidade conferida ao preparo previne o
deslocamento da restauração quando submetidas à forças oblíquas, que podem
provocar a rotação da restauração. Por isso é importante que se saiba quais são
as áreas do dente preparado das superfície interna da restauração que podem
impedir este tipo de movimento.
Existem
diversos fatores diretamente relacionados com a forma de resistência do
preparo.
·
magnitude e direção da força
·
relação altura/largura do preparo
·
integridade do dente preparado
Rigidez estrutural:
O
preparo deve ser executado de tal forma que a restauração apresente espessura
suficiente de metal (para as coroas totais metálicas), metal e porcelana (para
as coroas de porcelana pura), para resistir as forças mastigatórias e não
comprometar a estética e o tecido periodontal. Para isso, o desgaste deverá ser
feito seletivamente de acordo com as necessidades estética e funcional da
restauração.
Integridade
Marginal:
O
objetivo básico de toda restauração cimentada é estar bem adaptada e com uma
linha mínima de cimento, para que a prótese possa permanecer em função o maior
tempo possível, num ambiente desfavorável, que é a boca. Margens inadequadas
facilitam a instalação do processo patológico do tecido gengival que, por sua
vez, irá impedir a obtenção de próteses bem adaptadas. Assim, o controle da
linha de cimento exposta ao meio bucal e a higiene do paciente são fatores que
aumentam a expectativa de longevidade da prótese
Princípios Biológicos
Preservação
do órgão pulpar.
O
desgaste excessivo está diretamente relacionado à retenção e saúde pulpar, pois
além de diminuir a área preparada prejudicando a retenção da prótese e a
própria resistência do remanescente dentário, nos dentes anteriores,
principalmente, pode trazer danos irreversíveis à polpa, como inflamação,
sensibilidade, etc.
Por
outro lado, o desgaste insuficiente está diretamente relacionado ao
sobrecontorno da prótese e, consequentemente, aos problemas que isso pode causar
em termos de estética e prejuízo para o periodonto.
Um
dos objetivos principais da reabilitação com prótese fixa é a preservação da
saúde do periodonto. Vários são os fatores diretamente relacionados à esse
objetivo: higiene oral, forma, contorno de localização da margem cervical do
preparo. A melhor localização do término cervical é aquela em que o
profissional pode controlar todos os procedimentos clínicos e o paciente tem
condições efetivas de higienização. Assim é vital, para a homeostasia da área, que
o preparo estenda-se o mínimo dentro do sulco gengival, exclusivamente por
razões estéticas e suficiente apenas para escondar a cinta metálica da coroa,
sem alterar significantemente a biologia do tecido gengival.
De
maneira genérica, a extensão cervical dos dentes preparados pode variar de 2mm
aquém da gengiva marginal livre até 1mm no interior do sulco. Os pacientes que
pertencem ao grupo de risco à cárie não devem ter o término cervical colocado
aquém do nível gengival
Indicações término subgengival:
·
razões estéticas com o objetivo de mascarar a
cinta metálica
·
restaurações de amálgama ou de resina
composta, cujas paredes gengivais já se encontrem nesse nível.
·
presença de cárie que se estendam para dentro
do sulco gengival
·
presença de fraturas que terminam
subgengivalmente
·
razões mecânicas aplicadas, aplicadas
geralmente aos dentes curtos
·
colocação do término cervical em área de
relativa imunidade à cárie, como se acredita ser a região correspondente ao
sulco gengival.
O preparo subgengival
dentro dos níveis convencionais de 0.5 a 1.0mm não traz problemas ao tecido
gengival, desde que a adaptação, forma, contorno e polimento da restauração
estejam satisfatórios e o paciente consiga higienizar corretamente essa área.
Princípios Estéticos
A
estética depende, basicamente, da saúde periodontal, forma, contorno e cor da
prótese. Para atingir esses objetivos, há que se preservar o estado de saúde do
periodonto, confeccionar restaurações com forma, contorno e cor corretos. Fatores
estes que estão diretamente relacionados com a quantidade de desgaste da
estrutura dentária. Se o desgaste é insuficiente para uma coroa
metalo-cerâmica, a porcelana apresentará espessura insuficiente para esconder a
estrutura metálica, o que pode levar o técnico a compensar essa deficiência
aumentando o contorno da restauração.
Tipos
de término cervical
O
térmico cervical dos preparos pode apresentar diferentes configurações de
acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa.
1. Ombro ou degrau: a parede
axial do preparo forma um ângulo de aproximadamente 90° com a parede cervical;
2. Ombro ou degrau biselado:
ocorre formação de ângulo de aproximadamente 90° com a parede axial e cervical,
com biselamento da aresta cavo-superficial;
3. Chanfrado: a junção entra a
parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo, que deverá
apresentar espessura suficiente para acomodar metal e faceta estética;
4. Chanferete: a junção entra
a parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo de pequena
dimensão (aproximadamente a metade do chanfrado), devendo apresentar espessura
suficiente para acomodar o metal.
Técnica
de preparo para coroa metalo-cerâmica (Técnica da Silhueta)
DENTES
ANTERIORES
1 –
Sulcos de orientação: nas faces vestibular, incisal e
linguo-cervical
As
coroas metalo-cerâmicas necessitam de 1,5mm de desgaste nas faces vestibular e
metade das proximais e 2mm na incisal, para acomodar metal e porcelana.
DICA: faça primeiro os desgastes na metade, só então os outros
desgastes na segunda metade.Esse passo nos da o controle da quantidade de
desgaste necessária.
Brocas:
3216; 2215
2
– União dos sulcos de orientação: Com a broca 3216 ou 2215, faça a
união dos sulcos da metade escolhida da face vestibular, incisal e lingual,
mantendo-se a relação de paralelismo previamente obtida.
3-
Desgastes proximais: Com o dente adjacente protegido com uma
matriz de aço, procede-se a eliminação da convexidade natural desta área. O
desgaste deve terminar no nível gengival e deixar as paredes proximais
paralelas entre si.
Brocas: 2200; 3203
Brocas: 2200; 3203
4 –
Desgaste Lingual: Segue a anatomia da área. Deve ser desgastada
no mínimo em 0,6mm para acomodar apenas o metal nas coroas dos dentes
anteriores que apresentam um sobrepasso cervical muito acentuado. Evita-se
assim, deixar a região incisal muito fina e sujeita à fratura.
Brocas: 3118; 3215; 2214
Brocas: 3118; 3215; 2214
5 –
Preparo subgengival: Para se obter um término cervical do preparo
no interior do sulco gengival, no término em chanfrado, é utilizado apenas a
metade da ponta ativa da broca. Assim, o posicionamento correto da broca para
estender o término do preparo dentro do sulco gengival deve ser feito deixando
metade de seu diâmetro em contato com o dente e a outra metade fora do dente e,
consequentemente, em contado com o epitélio sulcular.
Brocas: 3216 2215
Brocas: 3216 2215
6 –
Acabamento: Com o término cervical obtido com as brocas
diamantadas 3216 ou 2215 é um chanfrado longo, torna-se necessário aumentar um
pouco mais o desgaste na região cervical das faces estéticas, vestibular e
metade das proximais, para acomodar o metal e a porcelana e não haver
sobre contornos. Para isso utiliza-se a broca tronco-cônica com extremidade
arredondada, totalmente apoiada na parede axial, acentuando o desgaste nessa
região.
Brocas: 4138
(Fonte: Dr. Mauricio Ferrufino Sequeiros)
Brocas: 4138
(Fonte: Dr. Mauricio Ferrufino Sequeiros)
Técnica
de preparo para coroa total metálica
Indicada
onde o fator estético não precisa ser considerado. A única diferença desse
preparo para uma coroa metalo-cerâmica é a quantidade de desgaste, que passa de
1,5mm para apenas 1,0mm que é realizada na face vestibular, visto que essa área
será recoberta somente com um metal.(Fonte: UP)
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