quinta-feira, 16 de julho de 2015

Cárie de mamadeira: Bactérias também atacam os dentes de leite


Muitos pais não sabem que a partir do nascimento do primeiro dente de leite, os bebês já estão sujeitos ao aparecimento das cáries dentárias. Por isso é muito importante que busquem informações sobre como evitar e prevenir esse tipo de doença. 
A cárie é uma doença infecciosa, transmissível e acontece quando há a associação entre placa bacteriana cariogênica, dieta inadequada e higiene bucal deficiente. As bactérias interagem com os alimentos ingeridos e produzem resíduos na forma de ácidos que provocam a desmineralização do dente. 
A cárie de mamadeira, também conhecida por uma variedade de sinônimos, como cárie de acometimento precoce, cárie por amamentação, síndrome da mamadeira noturna, cárie em bebês etc, é um tipo de destruição dental associada ao íntimo contato de líquidos açucarados fermentáveis com os dentes de leite durante o dia ou à noite (durante o sono). A principal causa é a ingestão constante, e por longos períodos, de líquidos açucarados ou não, como o leite com ou sem misturas (incluindo o leite materno), fórmulas com farinhas, suco de frutas, água de coco, achocolatados, sucos de soja e qualquer outro líquido adoçado ou não, exceto água. Chupetas adoçadas com mel ou açúcar também podem causar esse tipo de cáries em bebês. 
Características da cárie de mamadeiraA cárie aparece inicialmente através de uma faixa branca de descalcificação que se desenvolve na região dos dentes mais próxima à gengiva. Essa condição é reversível e pode ser tratada, mas, se não houver cuidado, o problema pode evoluir para cavitações. A cárie progride para uma cor marrom ou preta e, em casos avançados, as coroas dos dentes frequentemente fraturam-se. Esse padrão de cárie pode também apresentar-se de forma mais severa com muitos dentes envolvidos provocando muita sensibilidade (dor) e a destruição dos dentes decíduos em um curto espaço de tempo, podendo afetar a criança no seu primeiro ano de vida. 
A localização das lesões de cáries associa-se ao percurso do líquido durante a alimentação. Inicialmente há envolvimento de cárie precoce nos dentes anteriores superiores pela posição do bico da mamadeira, depois nos primeiros molares superiores e inferiores, e geralmente os incisivos no arco inferior não são afetados, pois ficam protegidos pela língua. A criança adormece e o líquido da mamadeira fica estagnado em volta dos incisivos superiores; o fluxo salivar é diminuído durante o sono e a diluição do líquido ingerido é lenta, promovendo um excelente meio de cultura para as bactérias que causam cáries. 
Crianças com doenças crônicas que fazem uso contínuo de medicamentos contendo sacarose via oral com administrações em período de sono, podem apresentar risco se houver ausência de higiene após a administração dos mesmos. 
Como a cárie de mamadeira é tratada
O tratamento da cárie de mamadeira deve ser iniciado pelo controle do processo infeccioso, já que os procedimentos para restauração dos dentes não funcionam se o processo carioso continuar. É importante que ocorra severa mudança de hábitos alimentares e higiene bucal adequada. A aplicação tópica de flúor pode ser muito benéfica também. 
Radiografias podem ser realizadas para observar possíveis envolvimentos de polpa dos dentes, infecções no periápice (próximas às pontas das raízes), comprometimento do dente permanente ou reabsorção radicular acentuada. 
Se a doença cárie não for interrompida, poderá ocorrer a destruição de vários dentes, acarretando em sérias repercussões locais, sistêmicas, psicológicas e sociais. A criança pode apresentar um quadro de infecção, dor, dificuldade de mastigação, trauma psicológico e perda prematura de dentes. Isso pode influenciar nas atividades cotidianas das crianças como rendimento escolar, comer, dormir e brincar. A perda precoce dos dentes decíduos prejudica o adequado desenvolvimento e crescimento dos arcos maxilares, organização correta do encaixe dos dentes e função mastigatória e fonoarticulatória acarretando sérias consequências para a dentição permanente. Além disso, cáries na primeira infância têm sido associadas a processos de cárie também durante a infância e na dentição permanente. O tratamento, além de ser invasivo, é desgastante para a criança e família. 
Durante os procedimentos em consultório para tratamento restaurador das cáries, o bebê não consegue ficar parado e não compreende o que está acontecendo, sendo assim, só chora, pois não tem outra forma de se expressar.
Prevenindo o problema 
É um grande equívoco achar que os dentes decíduos não merecem cuidados, pelo fato de serem substituídos em breve. Os dentes decíduos são temporários nas crianças, mas não menos importantes, portanto a prevenção de qualquer problema nessa dentição é a melhor opção. Eles permanecem na boca das crianças juntamente com os permanentes mais ou menos até 12 anos de idade e assim, o cuidado e a preservação dos dentes decíduos são fundamentais para evitar futuros problemas, inclusive ortodônticos. A perda prematura dos dentes de leite pode ser catastrófica, causando sérios problemas para a dentição permanente. 
Para evitar a cárie de mamadeira os pais, se possível, não devem oferecer o leite na madrugada ou evitar que a criança durma logo depois de mamar. Deve-se ainda escovar o dente da criança depois de cada mamada seja ela no peito ou na mamadeira, e antes de dormir a escovação deve ser reforçada, já que o período da noite é o mais crítico para o surgimento de cáries. Com o tempo, a mamadeira deve ser substituída gradativamente por líquidos no copo. Atualmente, é preconizado o início da escovação, com escova de dente extra-macia, logo após o aparecimento dos primeiros dentinhos. 
A prevenção da cárie precoce da infância deve ter início na gestação para que possa ser avaliada a condição bucal da futura mãe controlando os níveis S. mutans, que é uma das principais bactérias associadas ao processo da doença cárie, com o intuito de diminuir a transmissão de bactérias cariogênicas para seus bebês. A consulta odontológica na gestação também é importante para orientações quanto à forma correta de higienização das bocas e dentes dos bebês dentre outras. 
É indicado que a primeira consulta odontológica seja por volta dos seis meses de idade promovendo a educação com relação a saúde bucal de toda a família. É de grande importância que os pais e cuidadores evitem compartilhar os talheres, assoprar os alimentos, colocar a chupeta do bebê na boca e beijar a criança na boca para que não ocorra a transmissão de microrganismos. A saliva da mãe é a principal fonte de transmissão do S. mutans e a faixa etária de 19 a 31 meses é o período crítico para a aquisição dessas bactérias cariogênicas. 
É de suma importância o diagnóstico precoce da cárie de mamadeira. Esta não deve ser negligenciada nem pelos pais e nem pelos profissionais, devendo os pais buscarem as orientações necessárias para a prevenção e os profissionais de saúde, estarem aptos para reconhecer e modificar os fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças. A saúde bucal das crianças está fortemente relacionada a uma boa saúde geral. ( Fonte Dra. Fabiola Bernardeli)


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