Cavidades de Classe IV de modo geral, o dente a receber esse tipo de cavidade apresenta lesão cariosa
envolvendo uma face proximal e o ângulo incisal correspondente. A cavidade deve envolver a
lesão cariosa e possibilitar o contorno estético da restauração. Portanto, a forma de contorno
varia de acordo com a extensão da lesão cariosa ou o tipo de fratura. Na presença de tecido
cariado este é removido com broca esférica de tamanho compatível com o da lesão. Segundo
Mondelli (2002), a parede gengival será delimitada pela remoção do tecido cariado quando
estiver presente ou mantendo- cerca de 0,5 mm aquém da gengiva marginal.
O acabamento das paredes de esmalte em uma cavidade de classe IV tem importância
para a obtenção de maior estética e comportamento clínico. Uma grande maioria de autores
recomenda a realização do bisel, já que possibilita remover prismas de esmalte friáveis; expor
prismas de esmalte mais perpendiculares e reativos ao condicionamento ácido, principalmente
da porção mais interna, aumentar a área de superfície favorecendo a retenção do material;
além de favorecer a estética da interface entre resina e estrutura dentária.
Esse acabamento pode ser estabelecido com ponta diamantada em forma de chama n°
1111, que possibilita um bisel de forma côncava ou chanfrada, com largura de 1 a 2 mm, na
face vestibular.
Limpeza da cavidade
Após a remoção da lesão cariosa, a cavidade deverá ser lavada durante dez segundos,
com água oxigenada a 3%, com ácido poliacrílico a 25% ou com solução de clorexidina a 2%,
aplicada à cavidade com bolinhas de algodão por um período de dois minutos e, a seguir,
lavada como um spray de ar/água e seca com leves jatos de ar.
Proteção do complexo dentino/pulpar
Segundo Mondelli (2002), a cavidade poderá ser eventualmente ser considerada de
profundidade média, profunda o muito profunda, e os seguintes materiais poderão ser
indicados:
Opção I: (cavidades muito profundas): fina camada (0,5mm) de cimento de hidróxido de
cálcio e cimento ionomérico específico para base protetora.
Opção II: (cavidades médias e profundas): cimento ionomérico.
Independente da técnica ou de material empregado, alguns pontos devem ser observados:
A aplicação de bases protetoras deve anteceder o acabamento da cavidade e a
execução dos biseis, para evitar a contaminação do ângulo cavo superficial.
Quando necessário, a base deve cobrir uma área mínima de dentina, deixando a
maioria da área de superfície disponível para a adesão. Além disso, as bases
geralmente não apresentam propriedades físico-mecânicas adequadas para suportar
estresse que lhes é transmitido pelo dente e pelo material restaurador.
Condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo
O condicionamento da estrutura dental com ácido fosfórico deve sempre respeitar o correto
tempo de aplicação para a estrutura do esmalte (30s) e dentina (15s), visto que um maior tempo
de condicionamento não significa aumento da resistência de união da restauração ao dente e
ao contrário disso, pode gerar uma discrepância entre a profundidade de desmineralização
promovida pelo ácido e a extensão de penetração dos sistemas adesivos.
Hirata (2001) assinalam que o acondicionamento ácido deve ser feito pensando em
margens se segurança (2,0 mm além das margens do preparo), de forma a não haver o risco de
um avanço da restauração em margens não condicionadas, o que resultaria em linhas brancas
que não são solucionadas com o acabamento marginal.
A seleção do sistema adesivo e a adequada forma de aplicação, de acordo com o substrato
dental trabalhado é um passo essencial para a obtenção de longevidade nas restaurações de
resina composta. Em dentes anteriores, os sistemas adesivos mais utilizados são os
convencionais de 3 passos (Ácido fosfórico/Primer/Bond) e os convencionais simplificados,
também denominados de frasco único, em que no mesmo frasco encontram-se o primer e a
parte hidrofóbica do adesivo (Ácido fosfórico/Primer + Bond). Quando a restauração é realizada
somente em estrutura de esmalte, pode-se utilizar apenas o bond do sistema de 3 passos, pois
o primer dos sistemas adesivos serve somente para a adesão na superfície dentinária.
Inserção e polimerização das resinas
Preferencialmente, as resinas compostas deverão ser inseridas de forma incremental. A
resina composta deve ser inserida em camadas com espessura nunca maior de 2.0 mm, uma
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vez que o aumento na espessura da camada pode resultar na atenuação da intensidade de luz,
levando a uma polimerização incompleta nas regiões mais profundas da cavidade a ser
restaurada, bem como o aumento no estresse da contração de polimerização. Somente nas
cavidades de dimensões reduzidas podem ser restauradas com um único incremento de resina
composta, enquanto que uma técnica de aplicação e fotoativação por estratificação torna-se
imprescindível quando se trata de restaurações amplas.